Implante de Cardiodesfibrilador
Um paraquedas para corações doentes


O que é?
Mais conhecido como CDI, este pequeno aparelho, contido em uma caixa de metal e conectado ao coração por um eletrodo, desempenha duas funções principais. Ele atua como um marcapasso tradicional, estimulando o coração quando a frequência cardíaca está baixa, e também reage rapidamente em situações de taquicardia ameaçadora à vida.
O CDI possui dois mecanismos para interromper uma arritmia ventricular maligna. O primeiro é o ATP ("pacing antitaquicardia"), que consiste na liberação de uma série de 8 a 10 estímulos em uma frequência ligeiramente superior à da arritmia. Essa intervenção ajuda a "quebrar o curto-circuito" elétrico responsável pela arritmia. Quando o ATP não é suficiente para controlar o ritmo cardíaco, o CDI muda de estratégia: carrega o capacitor e libera um choque elétrico (35-40J), que interrompe a arritmia em mais de 95% dos casos.
Enquanto o ATP é completamente indolor, o choque pode causar uma sensação desagradável, frequentemente descrita como um "golpe" ou "soco" no peito, caso o paciente esteja consciente no momento. No entanto, em situações de frequência cardíaca extremamente elevada, que podem levar à perda de consciência, a maioria dos pacientes não percebe nem o ATP nem o choque.
Diferentemente do desfibrilador externo, que utiliza energias entre 200 e 360J, o CDI opera com cargas muito mais baixas (35-40J), pois o choque é liberado diretamente no coração. Por isso, não há risco para pessoas que estejam próximas ao paciente, mesmo que estejam tocando ou abraçando-o no momento do evento.


Tenho doença cardíaca, devo implantar?
Todo paciente que já apresentou uma arritmia ventricular de alto risco (prevenção secundária) ou que possui uma doença cardíaca com risco elevado de morte súbita (prevenção primária) é um potencial candidato ao implante de CDI. Esse risco pode estar associado a diversas condições cardíacas, incluindo:
->Doenças do músculo cardíaco: miocardiopatia dilatada ("coração grande") de diferentes etiologias, miocardiopatia hipertrófica, doença de Chagas, sarcoidose cardíaca, displasia arritmogênica, entre outras.
->Doenças dos canais iônicos do coração: síndrome do QT longo, síndrome de Brugada, taquicardia ventricular catecolaminérgica, entre outras.
Cabe ressaltar que o diagnóstico dessas condições, por si só, não constitui uma indicação automática para o implante do CDI. O grau de risco associado à mesma doença pode variar significativamente entre indivíduos. É na consulta com o eletrofisiologista que o risco é cuidadosamente avaliado, com base na história clínica e nos exames complementares. A partir dessa análise, define-se a real necessidade do implante.
CDI Subcutâneo - O que é?
Os CDIs eram, tradicionalmente, implantados por via venosa, ou seja, os eletrodos atravessavam as veias até alcançar o coração. Contudo, em pacientes jovens, essa abordagem frequentemente apresentava um desafio: a durabilidade limitada dos eletrodos, o que acabava por exigir a adição de novos eletrodos ao longo do tempo. Esse acúmulo de eletrodos poderia levar a complicações, como trombose, entre outros problemas vasculares.
Para contornar essas limitações, foi desenvolvido o CDI subcutâneo, uma tecnologia moderna e inovadora. Esse tipo de desfibrilador possui um gerador de maior volume, mas com a vantagem de posicionar o eletrodo sob a pele, evitando o trajeto venoso. Apesar de sua eficiência em fornecer choques nesta configuração, o CDI subcutâneo apresenta algumas limitações, sendo a principal delas a ausência da função de marcapasso. Por esse motivo, pacientes que apresentam bradicardias ou necessitam de suporte com marcapasso não são candidatos adequados para esse tipo de dispositivo. Outra diferença em relação ao CDI convencional diz respeito ao local de posicionamento do gerador. Enquanto no modelo transvenoso o gerador é implantado abaixo da clavícula, no CDI subcutâneo ele é posicionado na região lateral esquerda do tórax, abaixo do braço.



