Marcapasso cardíaco

Quando corações lentos necessitam de um empurrãozinho

Como saber se eu preciso?

         O marcapasso cardíaco tem como objetivo evitar bradicardias, garantindo que a frequência cardíaca (FC) não caia abaixo de um limite previamente programado. As indicações mais comuns para o uso desse dispositivo são a doença do nó sinusal (DNS) e o bloqueio atrioventricular (BAV). A primeira é caracterizada pela degeneração do nosso marcapasso natural (o nó sinusal), o que resulta em uma frequência cardíaca excessivamente baixa em repouso ou na falha em aumentá-la quando necessário (como durante a caminhada, esforço físico, etc.). Embora não esteja diretamente associada à morte súbita, pode causar sintomas incapacitantes e aumentar o risco de quedas devido a desmaios. Por outro lado, o BAV, como o próprio nome sugere, é um bloqueio parcial ou total da condução elétrica entre os átrios (câmaras superiores) e os ventrículos (câmaras inferiores). Esse quadro, ao contrário da doença do nó sinusal, está relacionado a um risco maior de morte súbita e deve ser tratado de forma urgente.
       Os sintomas que devem chamar a atenção para o risco de DNS e BAV são o desmaio súbito e o cansaço intenso, além de, claro a FC muito baixa quando aferida. O diagnóstico em alguns casos demanda um simples eletrocardiograma. Já em outras situações demanda investigação mais extensa com holter, estudo eletrofisiológico ou implante de monitor de eventos. Modernamente smartwatches que realizam eletro podem ter grande valia no diagnóstico.

Como é a cirurgia de implante de marcapasso?

        Ela é realizada em uma sala cirúrgica dedicada, geralmente sob sedação leve e anestesia local. A duração é bastante variável, podendo levar de 1 a 3 horas. O acesso venoso é feito por meio de punção guiada por ultrassom em uma veia de grosso calibre, preferencialmente por segurança. Pelas veias, são introduzidos eletrodos que são fixados nas câmaras cardíacas. Esses eletrodos são firmemente fixados ao músculo do paciente, e um gerador (bateria) é colocado sob a pele ou sob o músculo. A pele é fechada com pontos absorvíveis, e a ferida operatória resultante é pequena e discreta. A taxa de complicação intraoperatória é pequena.

Implantei um marcapasso, ficarei muito limitado?

        Diferentemente do que se pensa, o portador de marcapasso tem poucas limitações a longo prazo. O período em que se recomenda um repouso mais rigoroso do braço do lado do implante é nos primeiros 20 dias. O fato de ter um marcapasso implantado não impede o banho de piscina ou mar, o uso de celular, aparelhos eletrônicos, entre outros. Ao receber alta, forneço por escrito todas as orientações de cuidados.